Vinte e quatro estudantes sequestradas no noroeste da Nigéria foram libertadas em 25 de novembro, após uma operação conduzida por forças de segurança estaduais e federais.
O grupo havia sido levado em 17 de novembro da Escola Secundária Feminina do Governo, localizada em Maga, estado de Kebbi, quando homens armados invadiram o local por volta das 4h, segundo comunicado divulgado pela organização Christian Solidarity Worldwide (CSW), sediada no Reino Unido.
Durante a invasão, o vice-diretor da escola foi morto no local e um segurança ficou gravemente ferido, falecendo posteriormente no hospital. A ação ocorreu poucos dias depois da retirada de um destacamento militar que atuava nas dependências da instituição. Duas estudantes conseguiram fugir nas horas seguintes ao ataque. As demais foram resgatadas após a mobilização de unidades táticas da polícia, equipes do Exército e grupos de vigilantes locais.
A libertação no estado de Kebbi aconteceu quatro dias após outro sequestro em massa registrado no estado de Níger. Em 22 de novembro, homens armados invadiram a Escola Católica de Santa Maria, na comunidade de Papiri, e sequestraram 303 alunos e 12 funcionários.
O governo estadual fechou todas as escolas a partir de 23 de novembro, enquanto buscas prosseguiam. Nenhum grupo reivindicou o ataque. De acordo com o reverendo Bulus Dauwa Yohanna, presidente da Associação Cristã da Nigéria no estado de Níger, cinquenta crianças conseguiram escapar e retornaram para suas famílias. “Por mais que recebamos o retorno dessas 50 crianças com certo alívio, peço a todos que continuem em oração pelo resgate das vítimas restantes”, disse ele, segundo a CBS News.
O caso teve repercussão internacional. Durante a missa dominical na Praça de São Pedro, o papa Leão XIV pediu a libertação de todos os reféns. O presidente nigeriano, Bola Tinubu, declarou em comunicado que seu governo está empenhado em garantir o retorno seguro de todas as pessoas sequestradas. “Todo nigeriano, em todos os estados, tem direito à segurança — e sob meu comando, garantiremos a segurança desta nação e protegeremos nosso povo”, afirmou.
Outros episódios de violência foram registrados no norte da Nigéria ao longo da mesma semana. Em 24 de novembro, combatentes vinculados ao Estado Islâmico da Província da África Ocidental sequestraram 13 meninas, entre 15 e 20 anos, no distrito de Mussa, estado de Borno, enquanto elas trabalhavam na colheita. Uma jovem conseguiu escapar. No dia seguinte, em 25 de novembro, homens armados sequestraram seis mulheres e dois homens na aldeia de Biresawa, estado de Kano, durante uma invasão noturna.
Na terça-feira seguinte, autoridades confirmaram a morte do reverendo James Audu, da Igreja Evangélica Vencedora de Todas as Nações, sequestrado em 28 de agosto, na vila de Ekati, estado de Kwara. Os sequestradores haviam exigido inicialmente 100 milhões de nairas (cerca de US$ 69.000), reduzidos para 5 milhões de nairas (aproximadamente US$ 3.460). Segundo a CSW, após receberem o pagamento, o grupo pediu outros 45 milhões de nairas (cerca de US$ 31.170) e matou o pastor antes de novas negociações.
O CEO da CSW, Scot Bower, comentou a libertação das estudantes de Kebbi, mas apontou falta de transparência nas operações. “A escassez de informações sobre resgates em que os perpetradores aparentemente não sofreram consequências mina ainda mais a confiança pública e o Estado de Direito”, afirmou.
A Conferência Episcopal Católica da Nigéria também divulgou nota pedindo ação mais firme do governo federal. O documento cita episódios recentes no estado de Taraba, envolvendo o assassinato de mais de 70 pessoas, a destruição de cerca de 300 casas e o deslocamento de mais de 3.000 famílias. Os bispos solicitaram investigação sobre eventuais falhas de resposta das forças de segurança e destacaram preocupações relacionadas à destruição de igrejas, à negativa de terrenos para templos cristãos e ao fortalecimento de tribunais da sharia em alguns estados. O comunicado também mencionou o caso de Deborah Emmanuel, estudante morta em 2022 no estado de Sokoto após uma acusação não comprovada de blasfêmia.
A divisão religiosa no país — com o norte majoritariamente muçulmano, o sul predominantemente cristão e o Cinturão Médio com comunidades mistas — influencia a política e a vida social local.
De acordo com o The Christian Post, no início deste mês, o Tribunal de Justiça da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental iniciou a execução de uma decisão que determina a revisão das leis de blasfêmia do estado de Kano, incluindo dispositivos do Código Penal de Kano e da Lei do Código Penal da Sharia de 2000, para alinhamento às obrigações internacionais da Nigéria.
Fonte: Gospel mais

